Separei três artigos aqui da “Economia e Sociedade” de dez11 (saiu na internet agora). A revista é da UNICAMP.
Os dois primeiros seguem uma abordagem heterodoxa tradicional (no Brasil pelo menos) para explicar a crise atual e o ambiente em que ela se forma.
O último mostra uma posição muito interessante do Marshall, a favor do capitalismo, porém mostrando espaços de atuação social e questionando o comportamento dos indivíduos. Farei um comentário mais detalhado deste em outro post.
Crédito, capital fictício, fragilidade financeira e crises: discussões teóricas, origens e formas de enfrentamento da crise atual
RESUMO
O artigo discute a crise atual, comparando concepções marxista e pós-keynesiana. A primeira seção examina as razões teóricas para a inerência das crises no capitalismo conforme as duas visões. A segunda mostra como e por que o neoliberalismo agravou a crise, ainda que inerente ao capitalismo. A terceira examina criticamente os limites das políticas atuais de enfrentamento da crise.
Palavras-chave: Crise financeira; Capital fictício; Marxismo; Pós-keynesianismo.
Liberalização, vulnerabilidade financeira e instabilidade: algumas considerações sobre a economia brasileira
RESUMO
O artigo analisa a economia brasileira e sua vulnerabilidade externa (no período recente) a partir do referencial teórico de Minsky (1982, 1982b e 1986).Observa-se a tendência recorrente de ampliação da vulnerabilidade e o movimento cíclico dessa tendência não associada a regimes cambiais específicos, mas ampliada pela falta de controles cambiais. Nota-se, também, que o aprofundamento da vulnerabilidade externa da economia brasileira deve-se, sobretudo, ao comportamento da conta financeira, que compensou, com sobras, os resultados positivos obtidos pela balança comercial. Tais elementos conduzem a observação de uma tendência à ampliação da instabilidade nas esferas financeira e real dessa economia.
Palavras-chave: Liberalização; Vulnerabilidade externa; Fluxo de capitais.
Alfred Marshall, o capitalismo e sua utopia social
RESUMO
Este artigo visa analisar a posição de Marshall em relação ao capitalismo de sua época e às possibilidades de mudança social. Argumenta-se que, apesar de ser um grande defensor do sistema de liberdade econômica, Marshall considerava fundamental sanar o problema da pobreza e da indigência que assolava e degradava física, moral e intelectualmente boa parte da população. Todavia, ao contrário dos socialistas e coletivistas que visavam extinguir as principais instituições vigentes (a concorrência, a propriedade privada, o trabalho assalariado, entre outras), o autor vislumbrava uma sociedade melhor ainda sob a égide dessas instituições capitalistas. Essa situação melhor poderia ser atingida por meio da intervenção do Estado e de mudanças importantes nos valores dos indivíduos – que envolveriam a adoção de uma postura mais nobre e cavalheiresca no seu agir econômico.
Palavras-chave: Alfred Marshall; Capitalismo; Pobreza; Socialismo; Mudança social.